domingo, 29 de maio de 2011

BANDIDO mesmo...

Em livro pesquisadora desmonta mito sobre Lampião e o apresenta como ladrão!



Qual o objetivo do lançamento desta terceira edição do livro “O Canto do Acauã”?
Com a última edição já esgotada há alguns anos, havia uma certa cobrança para uma nova edição do livro que busca trazer esclarecimentos no que se refere à história do cangaço na época de Virgulino Ferreira da Silva – O Lampião, exististindo a necessidade de se mostrar a verdade sobre o bandido diante das deturpações atuais que tentam transformar o bandido preocupado com o social, procurando tirar dos ricos para dar aos pobres, quando, na verdade, ele mantinha ligações com vários coroneis sertanejos.

Suas vítimas foram, principalmente, os humildes trabalhadores do campo – sertanejos como ele. No decorrer dos anos, a versão dos acontecimentos daquela época foram totalmente deturpados.

Tornou-se comum atualmente uma profusão de mitos e inverdades. Podemos afirmar, com certeza, que Virgulino Ferreira não foi obrigado a se tornar bandido pelas perseguições de um humilde e honestoe trabalhador sertanejo – José Saturnino, nem porque mataram o seu pai. O que aconteceu, na verdade é que Lampião então já era bandido e fazia parte do famoso grupo dos Porcinos de Alagoas e, inclusive, assaltava até própria polícia daquele estado arrebatando armas.

Lampião: herói ou bandido?
Não há como transformar em herói um homem que formou vários grupos em todos os sertões do Nordeste, que torturou, sequestrou, roubou, destruiu lares, queimou pessoas, animais e fazendas; estrupou, mutilou e matou tantas pessoas, enlutando e desfazendo centenas de lares na região, notadamente, na sua terra natal- o Vale do Pajeú, de onde saíram, em consequência, alguns dos seus mais bravos combatentes.
O rastro deixado pela passagem de Lampião e seu bando nos sertões mostrava a realidade da violência e da degradação humana: disseminou o terror, corrompeu, marcou mulheres indefefesas com ferro incandescente como se fossem gado de sua propriedade particular, cerceou a liberdade de homens livres, simples trabalhadores sertanejos.

Foi, na realidade, o mais temível torturador, chocando a todos com os seus requintes de crueldade. Os casos mais escrabosos, acontecidos no sertão de Pernambuco, foram mantidos no silêncio dos sertanejos que se integraram às Forças Volantes, solidários com o sofrimento físico e moral das famílias ultrajadas, as quais lhe pediam a caridade do silêncio para não destruirem com a divulgação o que restava da dignidade de suas famílias. O problema constituído pelo cangaço, tornou-se tão sério e vergonhoso que outros numerosos jovens da região foram deixando as suas atividades para ingressarem nas Forças Volantes.

Atualizada e aumentada 
A edição contém quase 700 páginas e mais de 100 fotos que registram um tempo da historia sertaneja. Inclui, inclusive importantes entrevistas de remanescentes das histórias registradas no livro, como o Gen. Liberato de Carvalho, que foi comandante geral das Forças Volantes na Bahia e que não concedia entrevistas a jornalistas ou escritores que poderiam ” deturpar suas palavras”.
Mas o livro é essencialmente baseado nas memórias do Cel. PM. Manoel de Souza Ferraz (conhecido como Manoel Flor) um digno filho da região do Pajeú, conhecedor profundo de sua terra e sua gente e que participou da história  narrada – do prólogo ao epílogo. A edição é da Comunigraf.

A autora Marilourdes Ferraz é jornalista, professora e pesquisadora. É membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco e tem cerca de 40 trabalhos publicados. É filha de Manoel de Souza Ferraz, hoje patrono do 14o. Batalhão da PMPE, localizado em Serra Talhada. 

Fonte: Blog Tabira Hoje (http://blig.ig.com.br/tabirahoje/)

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